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30 janeiro, 2013

O relicário está errado


 Me pego descordando de Cássia Eller com Nando Reis cantando aqui do meu lado. Me descurbro questionando sua razão, meu amor, eu queria te dizer tanto, mas realmente, eu fiz escândalo, pra quê um relicário imenso de amor? Trocar a eternidade tão maravilhosa que é, por uma noite... Uma simples noite, uma. Entendam a minha constatação, estou sentindo sensata, ou até menos, estou só sendo sensata.
Não faça assim, não faça nada por mim. Quer saber, se não me quer nem por um segundo apenas não me dê nem bom dia, que fique claro. Não estou com raiva e nem despejando minhas intenções, até porque não sei quais são elas, talvez nem devesse exigir de você as mesmas, mas preciso. Sou certeza.
E reafirmo, o relicário está errado, do lado daquele coração com a minha foto tem que vir meu amor próprio ao invés da sua foto, chega de idolatrar alguém ou se colocar na culpa pra sempre, porque na visita que tive ontem a noite, eu tenho certeza que não tive culpa. Nós nem sabiámos o que estávamos fazendo.
Misturando passado com presente e futuro e tentando entender de novo.
Do relicário está a música cheia de declarações, mais forrada que as ruas perto da igreja de cidade pequena cheia de tapetes coloridos com serragem, e vocês sabem que carros não passam por essas ruas, se não já era os tapetes... Na sua rua passou alguém não é? Eu fiquei sabendo. 
Se essa rua fosse minha... Meus tapetes seriam detonados por verdades, por coisas mais próximas e nada de cartas quilométricas (aliás, dessas cartas nunca mais), que era tudo que eu podia te dar de tão longe. Mas sabe, depois que você me visitou, eu sei que está tudo bem e que a gente só não dá mais, na verdade, eu até andei meio enjoada de você, olhar sua foto nunca me deu tanta repulsa e não era ódio, era desamor.
E pra agora, eu não preciso de muito, nem de tanto. Eu preciso de alguém que me faça mudar de ideia, mesmo quando tudo parecer impossível, quero alguém que tenha todos os motivos pra me deixar ir, mas que sempre opte por me deixar ficar.


29 janeiro, 2013

Jóias raras


 Você pode ter uma jóia em suas mãos. Sim, você pode! E para isso, me entenda... Afinal, essa não é uma qualquer, sua qualidade é enorme, pedra daquelas mais preciosas porém, se você a deixar cair no chão ela pode se desfazer inteira ou ganhar defeitos não reparáveis.
Soube que ela quase fala por si, mostra tanta coisa mas nunca mostrou o que se sentia no momento, por isso, essa jóia foi perdendo seu valor ao longo do tempo que foi passando. E passou cruel, não deixou muita gente ficar e trouxe outras coisas, do tempo que ensina, que mata, que faz mais por nós do que nós mesmo.
Indiretamente, essa jóia aprendeu a se valorizar, encontar maneiras de brilhar mais e isso nem dependia da direção da luz sobre si e sim do que vinha de dentro. Era força. E ai meu Deus que força era aquela? Não dava pra saber de  de onde vinha, pra onde ia, nem como surgiu... Ela simplesmente tinha sido ensinada a ser assim, ouvindo que homens não choram pegou isso para si também, sabendo impor suas vontades, sua maneira tão particular como o encanto que possuia. Ah, ela sabia! E incomodava o quanto sabia que era encantadora, o quanto podia ir além, fazendo valer seus propósitos e justificativas, mesmo quando não havia mais razões.
Eis que ela se permitiu lapidar-se, encontrar dentro o que não transparecia fora. E então descobriu que estava mais lá no fundo, onde ninguém de fora consegue chegar. Ninguém tem culpa dela ser assim, uma vez que se atira, vai em frente, uma vez que recua, não volta nunca mais. Porém, um dia ela resolveu mudar, ir devagar, porque todas as vezes que a pressa a dominou algo dava errado e nesse dia, ela ouviu algo que parecia cedo demais para ser escutado, cedo demais pra ela obter uma resposta e agora ela optará por ser sincera, pois aprendeu em algum lugar que isso valia.
Essa jóia rara pode ser você, que passou um tempo perdida antes de se reeguer, que precisa de força... Somos jóias preciosas que precisam de seu valor.

05 janeiro, 2013

Nossa foto no instagram


 A gente era um casal mais ou menos, de um sentimento daquele jeito que pega macio te joga no sofá e mais nada, de um gole ou outro na madrugada, do sorriso no meio da rua, de gestos simples e pouca atitude, a gente sempre foi assim, meio largado, acostumado.
Nada de encontros classudos ou cheios de requinte, nos contentávamos com o nosso pouco apenas por ser extremamente nosso, particulares e secretos. Assim era de manhã um fim do amanhecer e a brisa do entardecer, perdão pela licença poética, meu jeito não costuma falhar. Nosso ritmo não se parecia nada com o rock pesado que você ama escutar, tava mais pra um sambinha beira de estrada ou uma garota de Ipanema.
Sem seriados de zumbis ou vampiros tão da moda, não chegamos nem perto de Gossip Girl e passamos longe do drama de One Tree Hill, talvez estejamos mais pra Big Brother que deu errado ou algo mais casal não central da novela das sete (porque as pessoas só falam da das oito), estamos fora da linha de foco e mesmo assim nunca soubemos como agir direito na frente dos outros.
O sol clareia e ninguém percebe, só se ele queimar e a gente não queimava, não ardia ver a gente como um todo porque nunca fomos um todo, não é como aqueles dois passando do outro lado da rua que incomodam até a Dona Maria que está em casa lavando louça e fica triste porque não um amor como o deles ou porque Seu João não é mais tão jovem como o rapaz ao lado da mocinha que andam tão flamejantes como se tivessem acabado de sair da cama toda vez que os encontro.
Sabe, fiquei sabendo que a gente não tem brilho e eu preciso brilhar... Não é nada com você, muito menos pessoal, a verdade é que eu só queria saber como a nossa foto ia ficar no instagram.