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22 agosto, 2013

A lua

Sabe, a gente costumava olhar a lua. Juntos, separados, brigados, reconciliando, distantes, próximos, a lua sempre nos guiou, ela e as estrelas. Eu acreditava no céu limpo quando tudo estava bem e chovia sempre nas noites de briga, ficava bem azul na presença de saudade, branquinho quando tinha calmaria e logo pôr do sol parecia um pôr do céu que se colocava exatamente pra nós. Pra nós e mais ninguém.
Lembrança recente da mais distante noite, a última sob regência de um maestro chamado luar, eu, você, estrelas, noite, sussurros, tempero. Me diz o que tem nisso que me invade? A melhor sensação do mundo, essa conexão com o externo, natureza, destino, carma, forças, que faz tudo de dentro engrandecer, ser quem sou toda como fui.

A pior sensação do mundo, que isso não teria fim - o medo - de tudo, de nada, era assim, vivendo com medo do medo, redundância feia de doer mas verdadeira que doía mesmo; e doeu até quando teve que doer. Foram anos, mais de dois, passou de quatro, chegou em uns seis, foram pares anos iguais a nós, meu par favorito. Mas vem cá, quem é você agora? Tempos que nem ouço falar, histórias que nem sei mais, a gente nem sabe mais e eu assumo, eu gosto assim. A gente tinha a lua pra nós, tendo a lua, olhando extasiados, tinha tanta coisa e eu nem queria mais saber de ter outra coisa.
Minha alma nem é mais a mesma. Fiquei parada por um tempo tentando achar uma maneira de voltar a todo custo, mas descobri que o que importava era como eu chegaria no final e não o que havia sido, exatamente porque ficou lá, num lugar do tempo que ninguém alcança. 
Novas medidas, receita atualizada, novas proporções, tudo muda, meu clichê favorito, porque não há nada melhor do que mudar e caber no seu novo eu a cada nova atualização. 

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